Ninguém poderá dizer que Necrópole abandonou a pós-modernidade. Ninguém poderá dizer que Necrópole deixou de cultuar o espetáculo. Finalmente, depois de alardeado pela imprensa a partir do slogan “Um parque muda tudo”, a prefeitura divulgou aquele que será, a partir de agora, o paradigma do planejamento urbano necropolitano. Nada de ortodoxia, nada de funcionalidade. O planejamento urbano, antes tão ortodoxo, agora virou um souvenir made in Hong Kong. Assumiu, publicamente, que as empresas serão as responsáveis pela nova estética da cidade, o que significa que determinarão, inclusive, a agenda de investimentos na área ambiental. A parceria pública privada objetiva edificar uma pequena fração do Parque do Cerrado, com participação da empresa no material e no projeto. Uma pequena parte. Uma linear fração localizada, convenientemente, nos limites do futuro Euro Park. Um favor. Uma benção. Uma demonstração inequívoca, como admitiram os representantes do governo necropolitano, da generosidade do mercado privado. O governo necropolitano não sabe, como qualquer neófito estudante de planejamento urbano, que os investimentos públicos na região já sobrevalorizaram a área. Não há altruísmo algum. Como disse o poeta: “Nada vem de graça. Nem o pão, nem a cachaça. Quero ser o caçador. Ando cansado de ser caça”.