Não é novidade para ninguém que Necrópole detesta movimento. Gosta de ficar parada, em sua tumba, esperando que admirem seu epitáfio. É por isso que Necrópole regozija enquanto observa a greve da SMT (Secretaria Municipal de Transito). A SMT, cujos serviços cotidianos são indispensáveis para o funcionamento da cidade, não merece respeito da Necrópole. Necrópole quer instituir, mesmo, é laissez-faire no transito: há quem diga que é melhor armar os motoristas do que investir em educação para o trânsito. A SMT quer e precisa de uma sede confortável e bem localizada. A Nécropole nega e doa uma área de 5 mil metros quadrados no Setor Bueno. A SMT precisa de segurança e equipamentos modernos para realização de seu trabalho. Necrópole nega, porque melhor que o suor, é o sangue que jorra nas ruas, alusão perfeita aos poemas de Charles Baudelaire. A diferença é que não estamos em Paris. Não temos o Siena, nem mesmo os bulevares floridos. Mas temos alguém que deseja, muito, ser o Barão Haussmann – é o que dizem aqueles que frequentam o Paço Necropolitano.