Parque Cascavel
Lago vira campo de mato alto
Inaugurado em 2009, local sofre com problema de assoreamento e moradores reclamam
Uma das mais belas apostas de cartões postais de Goiânia nunca consegue ficar bem na foto. O lago do Parque Cascavel, no Jardim Atlântico, na divisa da Vila Rosa e Parque Amazônia, na Região Macambira-Anicuns, está completamente assoreado. O espaço antes reservado ao espelho d´água está seco, repleto de terra e agora com mato alto e muitos entulhos. O deck localizado em frente ao que era a represa está em situação de abandono. Os animais que embelezavam o lago e atraiam a atenção de crianças e adultos, como patos, garças e peixes já não povoam mais o lugar. As pessoas que fazem caminhada ou descansam na unidade limitam-se a usufruir dos bancos e da pista com vários trechos também encobertos por areia.
Entregue á população em agosto de 2009, o Parque Cascavel contribuiu para a expansão imobiliária na região e representou uma atração para as pessoas que optaram por morar nas imediações. O engenheiro agrônomo Roberto Valentim, de 53 anos, e a mulher dele, a enfermeira Sandra Valentim, também de 53 anos, afirmam que a possibilidade de morar próximo ao parque os motivou a comprar um lote na região e construir a casa da família. O casal faz caminhada na pista da unidade diariamente e mostra-se indignados com o que caracteriza como descaso do poder público municipal.
O problema que afeta o lago do Parque Cascavel começou a se agravar no fim do ano passado, quando se intensificou o período chuvoso. Na ocasião, representantes da Secretaria Municipal de Obras (Semob) comprometeram-se a fazer a limpeza do lago, ação considerada pelos próprios técnicos como paliativa. Os trabalhos seriam feitos num prazo de 15 dias. Atualmente, no entanto, a situação do parque está ainda pior. Na extensa área do lago, de aproximadamente 200 metros, um barranco com cerca de 3 metros de altura está desmoronando. O que era a margem do lago está repleta de vegetação. Os poucos filetes de água estão cheios de galhos secos de árvores.
PROBLEMA ANTIGO
O assoreamento do lago do Parque Cascavel é resultante da degradação ambiental pelo qual passa a área de preservação permanente, onde está localizada a nascente do Córrego Cascavel. A água pluvial, cheia de sedimentos, atinge a nascente do córrego, escorre pelo manancial e deposita-se na área do lago, causando o assoreamento. O problema existe há mais de uma década. Em janeiro de 2004, o Ministério Público do Estado de Goiás (MP-GO) instaurou procedimento administrativo para apurar a degradação ambiental.
Na ocasião foram realizadas diversas reuniões com representantes de órgãos municipais, feitas vistorias no local e requeridas tentativas de recuperação da área que não avançaram. Em 2012, o promotor da área do Meio Ambiente do MP-GO, Marcelo Fernandes de Melo, propôs ação civil pública na qual solicitou que a Prefeitura de Goiânia, a Agência Municipal do Meio Ambiente (Amma) e a Secretaria Municipal de Obras (Semob) fossem condenados a recuperar e revegetar a área de preservação permanente.
Em abril deste ano, a juíza da 1ª Vara de Fazenda Pública Municipal de Goiânia, Lívia Vaz da Silva, determinou que a Prefeitura da capital, juntamente com a Agência Municipal do Meio Ambiente (Amma), providencie a contenção das margens do Córrego Cascavel, processo conhecido como retaludamento. Além disso, estabeleceu que o município construa bacias de retenção de poços de infiltração de drenagem convencional e novos mecanismos de dissipação da energia da água.
Procurada pela reportagem, a assessoria de comunicação da Prefeitura de Goiânia informou que uma equipe da Semob realizará estudos no local para que, após a conclusão do projeto, sejam buscados recursos para financiar a obra. Já a assessoria de comunicação da Amma adiantou que estão sendo feitos estudos para a realização de intervenções que de fato resolvam o problema. A obra, conforme a assessoria, está avaliada em R$ 5,5 milhões. A instituição ambiental está captando recursos para efetivá-la.