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Parque Cascavel

Lago vira campo de mato alto

Inaugurado em 2009, local sofre com problema de assoreamento e moradores reclamam

Maria José Silva30 de julho de 2014 (quarta-feira)
 Wildes Barbosa
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Placa informa que é proibido nadar em área onde deveria haver água, mas foi tomada pelo mato no parque

Uma das mais belas apostas de cartões postais de Goiânia nunca consegue ficar bem na foto. O lago do Parque Cascavel, no Jardim Atlântico, na divisa da Vila Rosa e Parque Amazônia, na Região Macambira-Anicuns, está completamente assoreado. O espaço antes reservado ao espelho d´água está seco, repleto de terra e agora com mato alto e muitos entulhos. O deck localizado em frente ao que era a represa está em situação de abandono. Os animais que embelezavam o lago e atraiam a atenção de crianças e adultos, como patos, garças e peixes já não povoam mais o lugar. As pessoas que fazem caminhada ou descansam na unidade limitam-se a usufruir dos bancos e da pista com vários trechos também encobertos por areia.

Entregue á população em agosto de 2009, o Parque Cascavel contribuiu para a expansão imobiliária na região e representou uma atração para as pessoas que optaram por morar nas imediações. O engenheiro agrônomo Roberto Valentim, de 53 anos, e a mulher dele, a enfermeira Sandra Valentim, também de 53 anos, afirmam que a possibilidade de morar próximo ao parque os motivou a comprar um lote na região e construir a casa da família. O casal faz caminhada na pista da unidade diariamente e mostra-se indignados com o que caracteriza como descaso do poder público municipal.

O problema que afeta o lago do Parque Cascavel começou a se agravar no fim do ano passado, quando se intensificou o período chuvoso. Na ocasião, representantes da Secretaria Municipal de Obras (Semob) comprometeram-se a fazer a limpeza do lago, ação considerada pelos próprios técnicos como paliativa. Os trabalhos seriam feitos num prazo de 15 dias. Atualmente, no entanto, a situação do parque está ainda pior. Na extensa área do lago, de aproximadamente 200 metros, um barranco com cerca de 3 metros de altura está desmoronando. O que era a margem do lago está repleta de vegetação. Os poucos filetes de água estão cheios de galhos secos de árvores.

PROBLEMA ANTIGO

O assoreamento do lago do Parque Cascavel é resultante da degradação ambiental pelo qual passa a área de preservação permanente, onde está localizada a nascente do Córrego Cascavel. A água pluvial, cheia de sedimentos, atinge a nascente do córrego, escorre pelo manancial e deposita-se na área do lago, causando o assoreamento. O problema existe há mais de uma década. Em janeiro de 2004, o Ministério Público do Estado de Goiás (MP-GO) instaurou procedimento administrativo para apurar a degradação ambiental.

Na ocasião foram realizadas diversas reuniões com representantes de órgãos municipais, feitas vistorias no local e requeridas tentativas de recuperação da área que não avançaram. Em 2012, o promotor da área do Meio Ambiente do MP-GO, Marcelo Fernandes de Melo, propôs ação civil pública na qual solicitou que a Prefeitura de Goiânia, a Agência Municipal do Meio Ambiente (Amma) e a Secretaria Municipal de Obras (Semob) fossem condenados a recuperar e revegetar a área de preservação permanente.

Em abril deste ano, a juíza da 1ª Vara de Fazenda Pública Municipal de Goiânia, Lívia Vaz da Silva, determinou que a Prefeitura da capital, juntamente com a Agência Municipal do Meio Ambiente (Amma), providencie a contenção das margens do Córrego Cascavel, processo conhecido como retaludamento. Além disso, estabeleceu que o município construa bacias de retenção de poços de infiltração de drenagem convencional e novos mecanismos de dissipação da energia da água.

Procurada pela reportagem, a assessoria de comunicação da Prefeitura de Goiânia informou que uma equipe da Semob realizará estudos no local para que, após a conclusão do projeto, sejam buscados recursos para financiar a obra. Já a assessoria de comunicação da Amma adiantou que estão sendo feitos estudos para a realização de intervenções que de fato resolvam o problema. A obra, conforme a assessoria, está avaliada em R$ 5,5 milhões. A instituição ambiental está captando recursos para efetivá-la.

Texto escrito por O Popular, 30/07/2014

Originalmente publicado em O Popular, Cidades, 30/07/2014