OBITUÁRIO 01, o Augusto Prefeito, Goiânia, 26/08/2020
Necrópoles é como o New York Times. Tem lado. Não camufla sua opinião no lodo vermelho da parcialidade. Não simula sua linha editorial. Não precisa de autocritica e nem de ombudsman. A integridade, a honra, são domínios do cinismo público. Necrópoles é liberal, privatista e, portanto, acredita que as pessoas ocupam, na cidade, exatamente o lugar que merecem. Mas não pensem que Necrópole seja ingrata. Reconhecemos que a Goiânia de hoje, obra dos homens utopistas, foi construída com muito esforço. Sim. Esforço de bandeirantes modernos, de empreendedores imobiliários, de fazendeiros, de gente com sobrenome que domou o chão vermelho e construíu, com seu suor, essa bela cidade. Políticos, das mais variadas cores, deram sua cota de contribuição. Não o fizeram, no entanto, esperando o bem público. Fizeram pela imperativa necessidade de bajular os verdadeiros donos de nossa Necrópole.
Não se enganem. Os aventureiros brotam, como ervas daninhas, fazendo promessas vãs, recheadas de conteúdo sociológico e palavras mágicas como participação, democracia, pluralismo, identidade, lugar de fala, reconstrução, direito à cidade. Simulam o futuro. Querem tomar a cidade para eles. Desejam um passado que existiu, apenas, na senil mente dos acadêmicos. Oferecem esperança quando deveriam naturalizar o medo. Aparecem, de quatro em quatro anos, como minúsculos sanguessugas a drenar as energias negativas da Necrópole.
Mas não se preocupem. Necrópoles terá vários candidatos para substituir nosso Augusto Prefeito. Cada um será submetido ao nosso escrutínio. Lembraremos, a cada um deles, que Necrópole pode ser perversa com aqueles que prometem subverter a hierarquia constituída. Estamos de volta!
Ave Necropole, morituri te salutant