Necrópole Goiânia

OBITUÁRIO 09 (Ambição) – Quem sabe faz, quem não sabe ensina, ou algumas palavras sobre os interesses escusos do Movimento Educação no Legislativo

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OBITUÁRIO 09 (Ambição) – Quem sabe faz, quem não sabe ensina, ou algumas palavras sobre os interesses escusos do Movimento Educação no Legislativo

 

Apegue-se à instrução, não a abandone; guarde-a bem, pois dela depende a sua vida. Não siga pela vereda dos ímpios nem ande no caminho dos maus.

Provérbio do Livro Necropolitano

Necrópole foi distraída. A víbora, como ensina nosso Augusto Prefeito, se mata no ninho. Resolvemos revelar, aos distintos cidadãos necropolitanos, a verdadeira plataforma política do Movimento Educação no Legislativo, vulgo, MEL. O movimento surge em plena pandemia. Muito conveniente. É por isso que essa pequena fração de subversivos não quer o retorno às aulas. Querem tempo para fazer política e eleger vereadores em nossa amada Necrópole. Já não basta o propósito de corromper as almas de nossos infantes com ciência, artes, literatura, poesia. Reclamam dos baixos salários. Na porta das escolas, pregam faixas dizendo pertencer ao LumpemProfessoriado. Reclamam das condições de trabalho. Reclamam da merenda. Começam, como percevejos, a aparecer em todos os cantos. Necrópole soube, até hoje, manejar as manivelas da vaidade, colocando-os uns contra os outros para evitar sua união.  Professor não gosta de professor. Professor não vota em professor. Necrópole usou de tal expediente com Caim. Estimulou a discórdia, investiu na vaidade, inventou a alienação. Não contem para ninguém. Existem, em nossa nação continental, segundo o Ministério do Trabalho, 1.146.826 professores atuando na rede pública municipal, 677.526 professores atuando na rede pública estadual, mais 552.126 professores atuando na rede privada do ensino básico, além, é claro, de mais de 140 mil professores atuando nas instituições de ensino superior. É a maior categoria funcional de nossa soberana nação e de nossa amada Necrópole. A maioria absoluta (97,86%) é composta por homens e mulheres dóceis, altruístas, sem ambição. Esse corajoso exército enfrenta, com alegria, as Doenças Ocupacionais como as dores lombares, as lesões por esforço repetitivo, as dermatites, os distúrbios psiquiátricos, a rinite, a gastrite, a bronquite, a impotência sexual etc. São homens e mulheres que reconhecem e louvam as qualidades públicas dos representantes por eles eleitos. Todos os vereadores de Necrópole, diferente do que diz o MEL, são professores no sentido lato sensu. Todos, segundo a doutrina pedagógica pós-moderna, ensinada nas universidades públicas, podem ensinar e ensinam na fraterna teia de construção e reconstrução da identidade híbrida do sujeito aprendedor. Assim professam, nas universidades públicas, como a UFG e a UEG, nossos amados professores que conduzem, com maestria, os ensinamentos didáticos e esotéricos do fazer-fazer, fazer-querer, querer-perquerer, perquerer-pensar, pensar-ação, ação-feijão, feijão-paixão, paixão-tostão… Foi lá que apreenderam que o ato de ensinar não é um ato político, mas sim de amor e abstinência dos valores monetários. Isso o MEL faz questão de esconder. Também não revelou que a ampliação da idade de Aposentadoria de Professores foi uma demanda dos próprios professores. Foi negociada diretamente com os seculares sindicatos de professores – com esses, sim, Necrópole negocia. Professores querem, mesmo, é morrer trabalhando em sala de aula! Abraçados, como Romeu e Julieta, com seus alunos! Desejam que a pá de cal, em seus túmulos, seja o pó do giz branco que torna a aroma da sala de aula cintilante. A profissão docente é destino. Dom. Dádiva. Graça. Produto da fé e da abnegação. O MEL deseja corromper essa pureza. Escola não é lugar para proselitismos político. Por que, Necrópole pergunta, manchar o espaço sacro da atuação docente com a mesquinharia política? Necrópole lembra: Não siga pela vereda dos ímpios nem ande no caminho dos maus.