Obituário 15 – Política (Convenção) – PC do B – quatro pernas bom, duas pernas ruim ou sobre a impossibilidade de distinguir porcos de homens
Necrópole chafurda na lama. O Porco, pelas características anatômicas, sempre será o símbolo político necropolitano. O Porco, também na Revolução dos Bichos, devido ao mimetismo, assume características políticas. O PC do B, para muitos, é imprevisível. Para Necrópole, que conhece sua história adultera, não, não mesmo. Como na visão da sala, na última parte da novela de Orwell, o PC do B olha de longe, mira no futuro, entrega os amigos, negocia a fidelidade, subverte as velhas divisões entre direita e esquerda, moralidade e imoralidade, paixão e pragmatismo, ateísmo e religiosidade. Mas esse ano, devemos admitir, a atitude do PC do B surpreendeu até mesmo últimos e incrédulos intelectuais da UFG. Há relatos, inclusive, que muitos deles, desde a tarde de hoje, escondem-se, chorando e abraçados com o Manifesto do Partido Comunista, no Quintal do Jorjão. Os vizinhos já reclamaram do barulho. Não sabem, no entanto, dado a precariedade do francês, que os três comunistas cantarolam L´Internationale. O PC do B decidiu apoiar Maguito Vilela e Rogério Cruz. A justificativa, dada por uma comunista de última hora, desprovida de qualquer talento intelectual, é que o partido tem uma história com nosso Augusto Prefeito. Necrópole não gosta de bajulações dessa ordem. Simulações de intimidade. Não gosta de lambe botas, especialmente quando assumem a manta vermelha. Isso tudo não foi decidido aqui. Lembrem-se, leitores de nosso Diário, que ainda ontem, o PC do B apoiou a abundante ajuda financeira para as igrejas. Necrópole gostou. Mas a humilhação não poderia, ai, terminar. Não é um projeto de um só ato. O PC do B apoiará, aqui, em Necrópole, a Igreja Universal do Reino Necropolitano, que ocupará centralidade em nossa chapa majoritária. O PC do B será importante na tarefa, diária, da política necropolitana, de propor a cura gay, de conceder áreas públicas e incentivos fiscais para as igrejas, de comandar o currículo da escola sem partido e, de quebra, distribuir santinhos nos cultos dominicais. Esse é o preço. Mas Necrópole não confia no PC do B. O partido é arrogante. Ardiloso. Necrópole sabe que, pelas costas, planeja a revolução. Os fins, como manda o manual, justificam os meios. O PC do B, porque educado na literatura fantástica, imagina-se o Velho Major. Na verdade, está mais para Benjamin.
Ave Necropole, morituri te salutant