Obituário 18 – Traições – Necrópole só gosta de varões ou porque Doutora Cristina deveria ter lido Ludwig Heinrich Edler Mises
A catarse tomou conta de Necrópole. Nosso correspondente, enviado ao auditório da Câmara Necropolitana, pela primeira vez, chorou. Emotivo, foi demitido de pronto. Novo no oficio, com pouco letramento e desprovido de cultura, nunca leu Ilusões Perdidas e, portanto, ainda cultiva os devaneios juvenis de Luciano de Rubempré. Necrópole é como Paris, a velha prostituta de Baudelaire. O sonho de Necrópole é contratar Fabiana Pulcineli. Ela resiste. Oferecemos, além das bonificações, um contrato vitalício U$ 23.000 por mês. O bolo da cereja, também recusado, era uma ação remida do Country Clube Necropolitano, além de cupons de desconto no Glória, bar conhecido por reunir a nata da intelectualidade subversiva de Necrópole – ali, os insurgentes, imaginam-se em Faubourg Saint-Martin. Qualidade custa caro. Continuaremos, portanto, com os dóceis estagiários enviados pela UFG. Voltando aos fatos. Nada foge ao controle de Necrópole. O PL, assim como a REDE, são extensões, apêndices utilizados, quando necessário, para atender os propósitos do nosso Augusto Prefeito. Necropolé armou uma perfeita arapuca para a Doutora Cristina. Necrópole sempre dela desconfiou. Conhecia, como poucos, a rotina da Câmara Necropolitana. Mulher de fribra, forte, inteligente. Os decrépitos varões da casa, acostumados com o patriarcalismo, tremiam diante de seu discurso. Nunca suportaram a vereadora. Moderada, disposta ao diálogo, errou ao confiar que poderia ambicionar o cargo de nosso Augusto Prefeito. Mas o que irritou Necrópole, mesmo, foi a absurda proposta de criar um Observatório da Mulher Contra a Violência. Não deu outra. Necrópole investiu no assedio, apostou na vaidade. Espalhou boatos negativos sobre o moribundo PSDB. Estimulou a discórdia. Pronto. Só faltava acionar o PL e colocar a hábil e simpática Magda Mofado na jogada. PL, esqueceu-se Cristina, significa Partido Liberal. Tivesse, ela, frequentado as enfadonhas aulas de teoria econômica da faculdade de história, saberia que o PL seguiu, exatamente, os devaneios de Mises e Hayek. Liberdade, livre mercado, eficiência, concorrência, meritocracia. Sexo, gênero, raça e origem social nunca foram empecilhos para a mobilidade social. Agora, reunidas [com exceção da candidata do PT que espera, no futuro, com intermédio do PC do B, conciliar-se com nosso Augusto Prefeito], querem imputar a Necrópole o signo da misoginia. NECRÓPOLE PERGUNTA: se, eleita, doutora Cristina implantaria a agenda liberal em nossa Necrópole? Por que, então, a esquerda não assume sua crise de identidade, ao apoiar uma candidata liberal? Queriam, eles, na verdade, uma liberal em nossa Necrópole? Esse é o problema da esquerda e do centro. Imaginam que, apenas eles, são capazes de colocar em prática sua ideologia. Imaginam, eles, que dispõe do monopólio da interpretação conjuntural. Ela não entendeu o jogo do livre mercado, confessou, ao nosso Diário, um deputado que pediu para não ser identificado. A experiente Doutora Cristina caiu na arapuca como um inhambu. Divertindo-se, o vereador oposicionista, lembrou que em festa de jacu, inhambu não entra. Tentou rebelar-se, pouco adiantou. O PL é um partido de varões. O liberalismo é, essencialmente, uma doutrina de varões. A inteligente Cristina esqueceu-se de ler, no site do PL, o resumo da doutrina do partido que reconhece o direito de propriedade como natural. A mulher, como propriedade do homem, tem o dever de ser subserviente. Assim constará, sob tutela de nossa amada Igreja Universal Necropolitana, a partir de 2021, no novo currículo escolar. Assim quer a Santa Aliança que reúne o MDB, o Patriota, o PL, o PC do B e todos os cidadãos de bem da nossa, incorruptível, Necrópole.
Ave Necropole, morituri te salutant